terça-feira, 24 de abril de 2012

Ponto de Situação (IV)

O mais importante de tudo é que dei  hoje formalmente entradada da papelada necessária para dia 1 de Junho sair daquele antro que me emprega há 10 anos. Quis fazê-lo hoje considerando que amanhã é 25 de Abril, dia da liberdade. Celebra-se esta noite as liberdades e a sensação posso dizer que é no minimo, saborosa.


O segundo mais importante de tudo é que embarco amanhã para Malta. Fomos ver o veleiro à boia e confirmar- se não nos tinham roubado os mantimentos. Tudo em ordem e pronto.

Amanhã é dia de acordar, ir ao mercado comprar frescos, carregar as tralhas para o barco e largar.

Hoje é noite de celebrar.

Até ao meu regresso e Viva a Liberdade.

M.



sexta-feira, 20 de abril de 2012

Adenda ao ponto de situação

O leme funciona. Era mesmo falta de óleo. As escotas da genoa estão passadas. Esta manhã o barco já estava na grua à espera da maré para ir para a água e neste momento já está na boia.

Ao sms que mandei ao skipper a perguntar “ao menos anda. E o que achas? 10 dias chegam?” ele respondeu “pelo menos dá para começar”.

 Logo se vê o que isto quer dizer.

Tudo a andar.

M.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Rumos


M.

Ponto de situação III

Falta uma semana.
Casco pintado, lockers arrombados, barco totalmente vasculhado, cana de pesca (fraquita) encontrada, o grosso das compras está feito e arrumado no seu sitio. Foi a primeira vez que estive neste processo de escolher o que se leva. É engraçado isso e programar o que se vai comer e beber durante cerca de 10 dias, com a alternativa de menú de bom tempo e menú de mau tempo. E mimos, claro. Nem eu nem o skipper somos fãs de beber (muito) a navegar por isso vão só duas garrafas de vinho (ele é mais cerveja). Uma para ir bebendo e outra melhor que será aberta quando houver algo que justifique um brinde. Depois vão 3x24 minis que tenho esperanças que uma  das caixas seja para o dono do barco quando lá chegarmos ou gastas numa qualquer marina em que queiramos ou precisemos de parar. Vão 4 guiness que farão a vez do bom vinho. Uns patés especiais de corrida e o resto é enlatados de toda a variedade. Os frescos compramos no dia da partida. Vamos tratarmo-nos bem e tenho uma certa curiosidade ver quanto daquilo que comprámos vai ser consumido.

Hoje levámos 6 jerricans de gásoleo para atestar o depósito e vermos quanto vai gastar até Gibraltar. Enchemos o depósito de água, carregámos as baterias e testámos os instrumentos e luzes. Percebemos que o radar tem aquele aspecto de zx sepectrum de fundo preto e linhas verdes, com direito a tremeliques meio hipnóticos e o leme não funciona. O skipper acha que é falta de óleo e amanhã confirma-se se é ou não.

Se tudo correr como previsto, 6ª feira o veleiro vai para a água e terá o seu teste quando o levarem para a bóia onde ficará fundeado até partirmos. Lamentávelmente não vou poder ir porque estou a trabalhar. As cartas necessárias estão a bordo e essencialmente estamos prontos para partir resolvido o leme preguiçoso e passadas as escotas da genoa e o life line.

pronto. é isto. Faltam as últimas compras, fazer a mala e arrancar.

Da outra viagem, já maior, agora não me apetece falar ou pensar muito nisso. Já sei que não estou com nenhuma doença terminal para além da minha estupidez natural, tenho análises e um atestado que o confirmam. Provalmente meto os papeis de saída ainda esta semana e embarco em Junho. Provavelmente falta dizer mais coisas mas estou cansado por isso logo penso no assunto.

M.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Há uns gajos no meio do oceano Atlântico que são assim (II)



M.

p.s.

Até agora não encontrámos cana de pesca. Se não estiver num dos lockers é perto de uma desgraça.

M.

Ponto de situação II

O aluguer de quarto está assegurado de Julho a Setembro pelo menos. É a um amigo que já cá morou uns meses, conhece os cantos à casa, rega-me as plantas quando precisarem e vê-me o correio. Tem a grande vantegem de qualquer um de nós estar à vontade o que implica não ter que me preocupar tanto com "organizar" a casa para um estranho ou estranha.
Há hipótese de alugar um 2º quarto entretanto. Se houver um alugado, excelente. Dois, perfeito.

O passaporte está pronto. As análises estão feitas e vou buscá-las esta semana. Agora é levá-las ao meu médico para que diga a sentença das desgraças que me provoco. A biblioteca aumenta e as coisas estão relativamente organizadas.

Falta agora meter a papelada para saír do trabalho, informar-me de Seguranças Sociais e essas merdas burocráticas, mais um eventual seguro que tenho de pensar se faço. A ver.
Os cancros que vieram do ano passado arrastam-se e estão a precisar de uma terapia intensiva para recuperarem o tempo perdido. Espero que estas duas semanas sejam mais produtivas.

O embarque para Malta está marcado para o 25 de Abril. Tive o privilégio de poder escolher a data de partida. Fui com o P., o skipper.  ver o bote no outro dia. Está em doca seca para pintar o casco o que espero que aconteça esta ou na próxima semana. Não é nada do outro mundo, um Jenneau Espace 1000, um bocado chaço por já ter umas décadas e não revelar uma manutenção brilhante, com aspecto de ter estado mais tempo parado a ser usado como casa de fim de semana do que a navegar. Não vou totalmente confiante com a robustez do bicho e cabos, adriças e escotas que lá estão, mas se o skipper não está preocupado, eu também não. Cheira-me que aquela janelagem toda vai meter água se formos à bolina e apanharmos mar de proa a sério. Mas tudo bem. Logo se vê. O motor pelo menos tem bom aspecto.
Há de lá chegar e depois de atravessar o estreito de Gibraltar, ficamos mais descansados.





Não tem AIS, o que gosto de ter sempre a bordo porque me reconforta saber que à noite sou um triângulo que aparece nos monitores dos super cargueiros que ali circulam em vez de um conjunto de luzinhas no mar e umas manchas no radar deles. Também não tem ploter, o que até me agrada porque assim a navegação vai ser à Carta, coisa que gosto de saber que vou aprender a usar como deve ser.

A porta teve de ser arrombada porque o dono do barco achou boa ideia levar as chaves e documentos para Malta. Antes da acção invasiva, ao espreitarmos lá para dentro ficamos animados por vermos que tinha um posto de navegação interior, ainda que com um leme um bocado foleiro, já que imaginámos nos turnos mais longos da noite ou de mau tempo não ter que se estar sempre lá fora. Ficámos desanimados por verificarmos ao entrarmos que o leme que lá está é meramente decorativo.

Fizemos uma vistoria geral ao material a bordo. Lá está. Barco de passeio de fim de semana, com direito a bibelots. Só faltam naperons. A lista de material em falta é grande mas ainda falta arrombarmos os dois lockers da popa, onde calculamos que esteja grande parte dele. Já sabemos que só leva 130 L de combustivel, o que não chega para não fazermos escalas se o motor for ligado grande parte do tempo. Levamos mais uns quantos litros de combustivel em jerricans que atestaremos em Gibraltar e a partir daí seria bom uma navegação directa. Ainda que  não me desagradasse uma escala de uma noite algures na Sardenha ou Sicilia, também não me desgada a ideia de chegar a Malta a tempo de passar uns dias por lá antes do vôo de regresso.
A lista de mantimentos está alinhavada e vamos às compras este fim de semana. Nos próximos tempos vamos andar à volta do barco a preparar as coisas. Tudo isto é um processo que gosto e faz parte do embarque.

Para já é isto.

M.

A ver se fica mais cheio de carimbos que o anterior


A foto ficou ligeiramente assustadora e não me admirava que venha a ser o principal motivo para diversas revistas da bagagem  nos diferentes aeroportos em que passar.

M.

Este se calhar vai no embarque antes do embarque



Ou seja, Malta.
Este ou o Fio da Navalha.

M.

Em tributo



... Num cenário que conheço bem.

M.