domingo, 8 de setembro de 2013

Ainda aqui estamos

Papeis. Peças encomendadas que chegaram trocadas. Coisas que aparecem.
Ainda aqui estamos. Agora a data de partida mais optimista é 3ª feira que vem. As peças para o motor do Arctic supostamente na 2ª.
Originalmente a ideia era estarmos aqui cerca de 3 dias. O Arctic teve problemas de motor. O Helena é um bicho com carácter, no minimo.

Esta empresa não se devia chamar Make Fast. É uma espécie de Stª Casa da Misericórdia dos barcos. Os barcos são velhos, negligenciados e abandonados. A precisar de carinho e cuidado. Make fast tanto quanto possível.
Exemplo: Um gajo tem a missão de fim de tarde de prender a bomba do chuveiro exterior. Coisa simples: Quatro furos numa placa de madeira para prender a bomba e outros dois para prender o conjunto na parede do compartimento onde vai ser pendurada, mais sicaflex e 6 parafusos para o efeito. A meio do processo percebe-se que a mangueira pinga numa união. Quando se desmonta a mangueira sai a água do depósito com bocados de uma espécie de alface a flutuar. Tira-se o tanque para esvaziar, lavar, e deixar uma noite em água com lixivia para estar em condições de ser usado. Nisto a bomba, o tal trabalho simples, não é montada no sitio.
Os dinghys (ambos os dois) metem água. Hoje esvaziei-os enquanto para sentir que algo de util estava feito.
A verdade é que nada está feito até os tirar da água e remendar a entrada de água.
Chris, o tal mago do barcos e nosso Robert Redford particular, é mesmo um mago. Faz tudo e quase tudo de uma forma impecável. A pedido do Luís ele está a ensinar-me tanto quanto pode. Ou melhor, tanto quanto consigo.Faço mais asneiras do que coisas certas. E sinto que ele gosta de mim. Temk uma certa atitude paternal no meio de um certo mau feito que eu gosto.

Hoje baldei-me bastante ao trabalho. A noite foi longa.
Estou cansado e eternamente dividido entre a necessidade de parar um dia ou dois e saber que o barco tem que estar pronto. E quanto menos fizer mais tarde saimos daqui. Pensei mais um a vez ir a Panamá City. Mais uma vez não consegui porque sabia que não ía estar descansado lá a pensar no que há para fazer. Dois dias de trabalho são muitos dias aqui.
Por outro lado há a questão da produtividade.Se parar um dia ou dois, sei que vou produzir muito mais. É complicado.

Entretanto a estadia aqui melhorou. Os miudos seguiram o seu caminho. Estavam fartos e eu farto deles. Era altura e as coias não estavam a funcionar.
Graças ao Luís, encontrámos gente que nos trouxe um novo folego de ar fresco. Ontem cozinhei um arroz de polvo manhoso para 7 pessoas que por 5 delas nunca o terem comido acharam bom. E ainda fiz o meu primeiro mergulho neste lado. No meio da marina, à noite, para encontrar 4 garrafas de vinho tinto que cairam na água por um saco de plástico ainda mais manhoso que o arroz que se rompeu quando o Luís punhas as compras a bordo. Tentei ir inicialmente, à tarde, sem garrafa. São cerca de 9m de profundidade e 1m de visibilidade com o lodo que se transforma em 10cm assim que se levanta o sedimento do fundo. Já com o equipamento manhoso do Helena, encontrei duas à noite, suficientes para completar as que sobreviveram. As outras duas hoje à hora do almoço. Ontem demorei bastante. Hoje demorei uns 20 minutos ou mais no total. A primeira (ou terceira) foi rápido. a 2ª (ou 4ª) estive quase a desistir. Sou teimoso. Ainda não percebi se é uma boa ou má qualidade.

O resto, Luis explica melhor que eu.

M.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Correcção

A lua Nova ainda não passou. Mas só faltam 7%.
A partida parece que afinal não é amanhã. Papeladas e coisas assim que estão em falta. Fica para depois de amanhã.
É sempre dificil sair dos sitios aqui no Panamá. Nunca me tinha acontecido isto. Já em Balboa foi o mesmo. Parece que nos querem prender e não deixar ir.

Entretanto começo a fazer as pazes com esta marina, o que deve ser sinónimo de algo parecido ao Sindrome de Estocolmo.

Falta só um molinete. É dos complicados e para variar há um parafuso que é teimoso.
Vou tratar dele agora.

M.

Optimismos moderados


Se tudo correr como esperado depois de amanhã largamos para Bocas del Toro. De preferência com o nascer do sol. Estamos a precisar tanto que seja uma boa viagem como de sair desta marina. O L. vai ao comando do catamarã, ex-Kiki renomeado Helena S. em homenagem à sua filha, com os dois miúdos.

Hoje ficaram as velas prontas. Os 5 molinetes do cockpit foram desmontados e limpos, um do mastro está desmontado e faltam outros dois. Estavam num estado lastimável. Estão agora aceitáveis. São quase todos diferentes. Para os dois primeiros, os maiores, precisei de procurar na internet o esquema para conseguir voltar a montá-los. Demorei dois dias para isso. Os restantes demoraram tempo entre parafusos que não queriam sair e imundice que também não queria sair. Hoje tive uma hora para tirar um parafuso teimoso. Eu sou mais teimoso.
O último que desmontei é o mais complicado. Tem rolamentos e uma data de pecinhas. Ìa perdendo um rolamento.
 O Helena S. ainda está com aspecto de estaleiro mas tirando os molinetes falta só pôr óleo na caixa, arrumar a tralha e fazer o teste de mar amanhã.

O Arctic Front vai sob o meu comando com o Chris, o tal mago dos barcos. É mesmo um mago e damo-nos bem. Só tenho pena de não o estar a ajudar para ir aprendendo com ele alguma coisa. Paciência.

A viagem será de cerca de 140 milhas. O Helena faz facilmente mais uns 2 a 5 nós que o Arctic, suspeito. Como vamos em frota imagino que o L. andará às voltas do Artic para ocupar o tempo e divertir-se. É um cromo.
 Entretandto os espíritos melhoraram. Estamos em modo partida. No fundo é só mais um dia.

A ver se a maré muda e começam a acontecer coisas boas. Muito boas já agora.
A lua cheia e nova passou. Estamos noutra lua a crescer.


M.

Faz toda a diferença



Um bom jantar, um bom vinho, um bom rum, um bom charuto e uma boa conversa.
Muda tudo.

M.