terça-feira, 25 de agosto de 2009

Comecei anteontem a despedir-me do verão

Os dias estão mais curtos. Estou naquele momento em que quando o sol se põe penso sempre que é mais tarde do que efectivamente é.

As marés vivas de Agosto começam a chegar, o mar muda de cor, as ondas de forma e, coincidência ou não a 2ª feira começou com uma brisa que se transforma num vento fresco que confesso que já tinha algumas saudades.

Assim, comecei anteontem a despedir-me do verão. Tive o que foi para mim o último grande fim de semana de verão e celebrei-o como tal. O auge. Agora é sempre a descer.

Claro que ainda haverão dias de calor, praia e mar e noites quentes para me perder. Mas serão dias curtos e diferentes e noites que apesar de serem mais longas não tornarão a noite mais longa.

Mas as minhas despedidas do verão são lentas e a saborear. Despeço-me lentamente do verão como se despedem lentamente aquelas paixões de férias de verão que têm um fim anunciado que se apróxima sempre mais depressa do que os apaixonados querem.

É a maneira que encontrei de lidar bem com isto até começar a chegar a vontade de Inverno.

M.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Hoje



... e ontem vim aqui tomar banho num mar ameno, nadar, ler, dormir, escrever, conversar um pouco, ver o por do sol e descontrair. Organizar-me e renascer um bocado.

O por de sol de ontem estava vermelho mas não tinha a máquina comigo.

O de hoje estava assim. Mais timido.


M.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Just one moment





Diria que tenho a tendência de coleccionar momentos destes. Acontece-me isto com alguma regularidade.
Tem a haver com a intensidade eventualmente excessiva com que vivo as coisas. Tenho dificuldade em estar mais ou menos. Cansei-me disso, ainda que tenha a noção que isso possa ser um defeito. Cada vez mais tenho consciência que voltei a viver nos extremos que já tinha de certa forma abandonado do "ou tudo ou nada", sendo que o que define o tudo e o nada são momentos.

Porque sim, é verdade. Um momento, só um único momento, pode mudar tudo.
Para o bom e para o mau.

M.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Notas de viagem - Ida

Dias de bom convivio, com excelentes jantares, muita serenidade e bom ambiente. Mares batidos e intensos sem ser em demasia. Mares calmos e serenos sem ser em demasia. Houve de tudo. Navegou-se sempre que possível à vela e aprendi mais do que esperava. Venci alguns medos e receios do leme mas não todos.

Noites de luar intenso com turnos solitários que amo fazer, passadas deitado no convés a ouvir música, a ouvir o mar, a pensar e sonhar. A brincar com o leme e fazer competições de eficácia com o piloto automático que ligava e desligava alternadamente e que gosto de acreditar que venci por não deixar o barco bater tantas vezes na ondas maiores e conseguir atingir maiores velocidades. Rir-me por saber que no fundo ele vence ao manter infléxivelmente e precisamente o rumo certo. Sorrir por dentro ao ponto de ficar emocionado. Visitas de seres apaixonantes que avisam a sua chegada ao meu lado com saltos ao luar e expirações sonoras. O momento alto foi numa noite serena em que deixei o piloto automático brincar sózinho. Sentei-me à proa com os pés sobre a água, a fumar um cigarro e sentir aquele doce embalo: Eles aparecem num número que não consego contar e acompanham-me por um tempo que me pareceu infinito. Assobiei-lhes enquanto ali estiveram e quis acreditar que eles respondiam quando ouvia os seus sons debaixo de água.

Lua que se põe e deixa aparecer um céu esmagador carregado de estrelas. Um número sem fim de estrelas cadentes que riscam o céu às quais inicialmente peço alguns desejos e que desisto de o fazer porque os desejos que peço são poucos e alguns deles tenho dúvidas que seja boa ideia vê-los concretizados. Resumi a coisa a ser feliz e viver intensamente, sendo que um está dependente do outro e ambos dependentes de outras coisas que não faço ideia quais são.

Momento estranhos e algo tensos com uma visita ao cair da noite de um semi-rigido preto, com 2 brutos motores, três marroquinos bebados e um convés totalmente preenchido por jerricans de combustivel no meio do nada, a 40 ou 50 milhas da costa ao largo do Golfo de Cádiz. Foi uma noite de vigia passada a olhar para cima do ombro e à espera de a qualquer momento ouvir o som dos motores a aproximarem-se, com dois longos cabos ao meu lado, preparados para serem atirados à proa do mesmo se tal acontecesse conforme instruções do skipper e a perceber porque é que até pode ser válido haverem armas de fogo a bordo, ainda que por norma seja totalmente contra esse tipo de coisas e tenha uma aversão quase repulsiva às mesmas.

Momento igualmente estranho com a passagem de um submarino a meio da noite perto de nós.

Um balão (spi - aquela vela colorida que vai à proa) novinho em folha rebentado ou melhor desintegrado com uma refrega um pouco mais entusiasmada a seguir a bater duas vezes. Para informação futura ficámos a saber que o mesmo é para ser arreado aos 20 nós de vento ou, em alternativa, há que haver sempre alguém junto ao molinete para o caçar e folgar. Caíu à água mas felizmente não se enfiou debaixo do veleiro, pelo que em pouco tempo foi recolhido sem grandes stresses. Sem querer ser maldoso acredito que a culpa foi do piloto automático. Mas isso é só a minha opinião.

Passágem junto a Tarifa, a fazer um bordo rasante à Punta Marroqui,que são para mim dois locais mágicos. Amo aquele sítio e já tive o privilégio de mergulhar nos naufrágios que ali há numas mini-férias que simplesmente adorei e que quero reviver assim que puder. Tenho saudades de me perder ali e de reencontrar os meus cantos onde em dados momentos fui genuinamente feliz.

Passagem por Gibraltar à vela, com vento e corrente a favor, a toda a velocidade e no meio de um tráfego de navios gigantes... indescritivel.

A opção de perder a noite de sábado em Ibiza em favor de continuar a navegar à vela e fazer o rumo necessário para o efeito, o qual era mais longo, para além de não me preocupar minimamente mereceu toda a minha aprovação e satisfação ainda que tenha lido nos olhos de P. uma certa tristeza por perder uma qualquer festa da espuma prometida pela qual ansiava. Não faz mal. Já lá esteve 4 vezes e certamente irá umas outras tantas. E quem sabe se eu ainda o acompanho.

M.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Nota

É complicado, mas muito complicado mesmo, voltar a passar um dia inteiro com os pés calçados com "peúgos" e sapatos depois de andar não sei quantos dias descalço.

Perto da tortura.

M.

Coisas e momentos que não consigo descrever










Nota: neste vídeo o mar é azul... ainda que a partir de certo momento e graças às manias estranhas da minha máquina passe a ser verde.

M.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Voltei

... Mais ou menos.
E como neste momento não tenho muito para dizer ou mesmo em condições de o fazer, deixo estas imagens: a última imagem tirada e uma filmagem manhosa dos meus apaixonantes e fiéis companheiros de viagem e dos turnos solitários da noite.












Lindos.

Agora vou ver como me dou a regressar a uma cama normal que não se mexe nem me embala com o som doce da água a passar ali ao lado do ouvido.

M.