segunda-feira, 8 de junho de 2009

Tollan




... ou Tollens. Não faço ideia. Uma coisa dessas.

O que sei é que havia um navio enorme virado de barriga para o ar no Tejo que fez parte da minha infância.

Curiosamente a imagem que guardo não é a vista do terreiro do paço, ou de qualquer outro ponto de terra, mas sim do ar. A vista da Ponte sobre o tejo.
Nas expedições familiares a Sesimbra, Costa, Troia ou Algarve, a passagem sobre a ponte era um momento alto. Isso e a travessia de barco de e para Setúbal quando o chefe de familia assim o entendia. A contar alforrecas e preservativos nas águas do Sado. Adiante.
A passagem da ponte era um momento de excitação a bordo da viatura familiar. Espetávamo-nos à janela a ver tudo. O Tolan era um elemento estranho mas que me lembro desde sempre. Adorava.

Dizem as pesquisas no Google que era um porta-contentores Inglês que afundou-se a 16 de Fevereiro de 1980, após ter colidido com o cargueiro Sueco Baranduna no rio Tejo. Após várias tentativas, foi finalmente voltado e afastado do Terreiro do Paço a 2 de Dezembro de 1983.

Pelos vistos só lá esteve 3 anos. A memória e a percepção do tempo nas diferentes idades tem destas coisas. Diria que esteve lá uma eternidade. E digo também que nunca mais me esqueço do dia em que íamos a atravessar a ponte, me estico para a janela para o ver e ele não estava lá. Pelos vistos tinha 9 anos.

Cheguei a escrever composições na escola sobre isso. Duas mais precisamente. Numa punha o Tolan a falar na primeira pessoa. Noutra, já no secundário, era o Tejo o narrador.
Acho que ainda as tenho algures.

Tenho que as procurar.

M.