terça-feira, 10 de abril de 2012

Ponto de situação II

O aluguer de quarto está assegurado de Julho a Setembro pelo menos. É a um amigo que já cá morou uns meses, conhece os cantos à casa, rega-me as plantas quando precisarem e vê-me o correio. Tem a grande vantegem de qualquer um de nós estar à vontade o que implica não ter que me preocupar tanto com "organizar" a casa para um estranho ou estranha.
Há hipótese de alugar um 2º quarto entretanto. Se houver um alugado, excelente. Dois, perfeito.

O passaporte está pronto. As análises estão feitas e vou buscá-las esta semana. Agora é levá-las ao meu médico para que diga a sentença das desgraças que me provoco. A biblioteca aumenta e as coisas estão relativamente organizadas.

Falta agora meter a papelada para saír do trabalho, informar-me de Seguranças Sociais e essas merdas burocráticas, mais um eventual seguro que tenho de pensar se faço. A ver.
Os cancros que vieram do ano passado arrastam-se e estão a precisar de uma terapia intensiva para recuperarem o tempo perdido. Espero que estas duas semanas sejam mais produtivas.

O embarque para Malta está marcado para o 25 de Abril. Tive o privilégio de poder escolher a data de partida. Fui com o P., o skipper.  ver o bote no outro dia. Está em doca seca para pintar o casco o que espero que aconteça esta ou na próxima semana. Não é nada do outro mundo, um Jenneau Espace 1000, um bocado chaço por já ter umas décadas e não revelar uma manutenção brilhante, com aspecto de ter estado mais tempo parado a ser usado como casa de fim de semana do que a navegar. Não vou totalmente confiante com a robustez do bicho e cabos, adriças e escotas que lá estão, mas se o skipper não está preocupado, eu também não. Cheira-me que aquela janelagem toda vai meter água se formos à bolina e apanharmos mar de proa a sério. Mas tudo bem. Logo se vê. O motor pelo menos tem bom aspecto.
Há de lá chegar e depois de atravessar o estreito de Gibraltar, ficamos mais descansados.





Não tem AIS, o que gosto de ter sempre a bordo porque me reconforta saber que à noite sou um triângulo que aparece nos monitores dos super cargueiros que ali circulam em vez de um conjunto de luzinhas no mar e umas manchas no radar deles. Também não tem ploter, o que até me agrada porque assim a navegação vai ser à Carta, coisa que gosto de saber que vou aprender a usar como deve ser.

A porta teve de ser arrombada porque o dono do barco achou boa ideia levar as chaves e documentos para Malta. Antes da acção invasiva, ao espreitarmos lá para dentro ficamos animados por vermos que tinha um posto de navegação interior, ainda que com um leme um bocado foleiro, já que imaginámos nos turnos mais longos da noite ou de mau tempo não ter que se estar sempre lá fora. Ficámos desanimados por verificarmos ao entrarmos que o leme que lá está é meramente decorativo.

Fizemos uma vistoria geral ao material a bordo. Lá está. Barco de passeio de fim de semana, com direito a bibelots. Só faltam naperons. A lista de material em falta é grande mas ainda falta arrombarmos os dois lockers da popa, onde calculamos que esteja grande parte dele. Já sabemos que só leva 130 L de combustivel, o que não chega para não fazermos escalas se o motor for ligado grande parte do tempo. Levamos mais uns quantos litros de combustivel em jerricans que atestaremos em Gibraltar e a partir daí seria bom uma navegação directa. Ainda que  não me desagradasse uma escala de uma noite algures na Sardenha ou Sicilia, também não me desgada a ideia de chegar a Malta a tempo de passar uns dias por lá antes do vôo de regresso.
A lista de mantimentos está alinhavada e vamos às compras este fim de semana. Nos próximos tempos vamos andar à volta do barco a preparar as coisas. Tudo isto é um processo que gosto e faz parte do embarque.

Para já é isto.

M.