quarta-feira, 17 de julho de 2013

Cagliari - Vis - Split - Brac - Vis - Split

Lamento não andar a registar tudo o que acontece para além da muito falivel memoria e umas poucas fotos. Estou em Split. Deixei o barco e o skipper no sábado passado  desde então sou mais um desempregado a viver uns dias em Split do que um turista ou viajante a visitar uma cidade durante as férias. Tem a ver com o baixo valor que recebi pelo trabalho e o pouco dinheiro na conta.

Estou optimista e confesso que a adorar esta sensação de estar meio abandonado aqui.

A viagem foi na essência boa. Com histórias que agora não tenho vagar nem vontade de escrever e que não podem deixar de acontecer quando um veleiro destes é transportado por duas pessoas. Envolveu vários mares e, para ser original, ficamos sem piloto automático algures no salto alto da bota que calça a itália, sendo eu o seu substituto mais frequente.
Chegámos a Vis por acaso, numa decisão de vamos parar ali para descansar fundeados e poupamos uns trocos ao armador ao não pagar uns dias de marina de Split. Apaixonei-me pela baia de Vis naqueles dois ou três dias que ali ficámos e sem muita dificuldade consego imaginar-me a viver ali uns tempos.
Os Croatas são duros e quase rudes ao primeiro contacto. Se não se ligar a isso e se se fizer um sorriso que diz deixa lá essa cena do mau feitio... queres colo? eles derretem-se todos e mostram que são uns corações moles com cara de mau.
Fomos para Split buscar os vernizes e umas peças que foram encomendadas entretanto. Seguimos para uma marina num sitio que não me lembro do nome numa Baia a norte de Split para passar a noite. Não nos deixaram atracar porque não demos entrada na alfandega. Voltamos para Split. Mais duas horas ou três. Também não nos deixam entrar na marina. Temos de ir ao porto. Depois de 3 tentativas falhadas lá encontramos o sitio no cais dos navios e ferrys. Já é noite. O skipper vai tratar da papelada. É multado porque tinhamos de ter dado entrada logo em Vis. Não nos apetece voltar para lá e perder mais 5 ou 6 horas de navegação para cada lado. Só nos passam os papeis depois de ser paga a multa. Tem que ser em dinheiro. O cartão de Multibanco do Armador não permite levantar essa quantidade. Avaançamos com o dinheiro que temos e não temos no dia seguinte. Passamos a noite ali no cais numa espécie de prisão com a animação da cidade ali ao lado. só podemos sair à vez porque tem de estar alguem no barco. Mudamos o barco 3 vezes de sitio para os diferentes ferrys poderem atracar. Resolvida a logistica skipper não faz questão de sair. Eu vou ali perder-me um bocado e já volto.
Nos outros dias ainda há papelada para resolver. Lava-se o barco na marina e carrega-se de alimentos e combustivel. Vamos procurar uma baia para fazer os trabalhos de lixar e envernizar uma quantidade enorme de madeiras. A escolha é um sitio surreal com uma estrutura em tunel da 2ª guerra para esconder um submarino, num cenário de encostas secas e árvores ardias. Teve de  ser. Já tinhamos perdido muito tempo e havia ntrabalho para acabar. Passamos ali perto de uma semana. Acordar às 5 ou 6 da manhã, lixar até ser calor demais para isso. Mergulho no mar. Comer. Dormir. Ler. Quando o calor baixa volta-se a a lixar. Depois enverniza-se. Depois emenda-se. Vão polindo os metais.
Ficou bastante razoável mas longe de perfeito. Isto pedia mãos mais habilidosas e experientes que as nossas. Há barcos que não merecem os donos que têm. Isto é uma coisa um bocado cruel de se dizer e pode ser injusta porque não conheço pessoalmente o homem. Pode estar a fazer o melhor que pode.
Mas o barco, ela, merecia mais. Fico menos zangado com ele quando fico a saber que ele comprou-o numa estado de abandono de 3 anos.
Acabamos os trabalhos. Voltamos duas noites para Vis. Voltamos para Split. Passamos a noite de sábado para Domingo na marina.
Ultimas limpezas. por dentro e por fora. Chegam os primeiros viajantes. A mulher do dono e uma amigas. Vamos ao cais de combustivel busca-las. Entram, são recebidas. Ajudo com as malas, digo olá, agarro na minha sacaria e digo adeus. Troca por troca. Elas começam eu acabo. São cerca de 5 da tarde e vou andando pela baia de Split a falar ao telemovel com o empregado do restaurante barato e local onde temos ido jantar muito bem fora do Centro e turistas. Ficou de falar com um amigo a ver se me arranjava alojamento. Às 7 da tarde tenho os meus sacos lá metidos e estou a beber uma imperial com eles os dois na esplanada do tasco. Sou um gajo com sorte e as coisas com frequência acontecem-me sem me preocupar muito.

Entretanto ando aqui. Tenho uma possível proposta sobre a qual não quero pensar muito enquanto não souber se é uma proposta efectiva ou não. Devos saber algures até 6ª feira. Se for para a frente, é um salto de gigante que chega a meter medo.
Logo se vê.

M.