quarta-feira, 29 de julho de 2009

Hasta

Está tudo preparado.
O trabalho ficou arrumado, cheguei há bocado das arrumações do barco, com direito a uma mini pit-stop para um copo em jeito de despedida e a trouxa está praticamente pronta.

A viagem de ida será acompanhada de uma lua crescente que à chegada não estará propriamente cheia mas sim composta. À partida, entre a chegada e o regresso, haverá uma lua cheia para iluminar melhor os caminhos das noites em terra e no mar.

Como disse este destino não seria definitivamente a minha primeira escolha. Estaria provavelmente perto do fim da lista de destinos possíveis e certamente fora do meu top 40 ou 50. Acredito que seja preconceito da minha parte mas a única coisa que associo a Ibiza é a loucura da noite, com a agravante de ter ideia que essa noite já teve melhores dias. Ou noites.

Gosto de noite. Gosto de noitadas. Mas sinceramente não acho particularmente apelativo este conceito de destino de férias essencialmente vocacionado para a noite. Já imagino uma horda mesclada de nórdicos, latinos e pseudo-latinos absurdamente histéricos numa histeria colectiva descontrolada e excessivamente efusiva.

A noite, para mim pelo menos, torna-se mais interessante e quere-se em meios urbanos e essencialmente preenchida e passada com os nativos e residentes. Nova Iorque, Barcelona, Madrid, Berlim ou Sidney já seriam destinos de noite (e dia) bem mais apelativos para mim. Fora do contexto do mar, claro está.

Tirando os casos de portos de abrigo que são pontos de passagem obrigatórios, o facto de a grande maioria ser outsiders não me motiva por aí além. Já passei por isso numa full moon party numa ilha na Tailândia há uns anos atrás. É a loucura. É engraçado e divertido. Ponto. Só isso. E aí, tenho ideia que o ambiente e tema eram bem mais o meu género do o que vou encontrar nos próximos dias.

Mas estou a divagar. Até parece que estou com uma postura um bocado mete-nojo.
Como disse antes, a cavalo dado não se olha o dente e mar é mar por isso o destino não me interessa particularmente, desde que implique uns dias de navegação à vela e fora de terra. A ir a Ibiza, não consigo imaginar melhor maneira para o fazer senão à vela e em grande estilo. Há que saber aproveitar ao máximo quando se tropeça em coisas destas.
Depois, apesar de não ser uma travessia oceanica, tem a vantagem de ser no mediterrâneo e eu nunca ter atravessado o estreito de Gibraltar ou mesmo navegado aí à vela. Estou curioso.

Por outro lado, bem vistas as coisas, não consigo imaginar altura mais adequada da minha vida para ir a Ibiza e conseguir aproveitar o que aquilo tiver para me dar. Boa vida, copos, dolce fare niente, águas quentes e transparentes e uma série de coisas desagradáveis esperam-me. Com a grande vantagem de ir com as expectativas bem baixas.
Deixo cá o material de mergulho mas pelo sim pelo não levo o essencial (mascara, barbatanas, computador e livro de registo) para o caso de dar.

Soube há bocado que o principal objectivo desta viagem é ensinar e pôr o patrão do Skipper a navegar à vela o que me agrada bastante já que o que ele aprender eu vou aprender em dobro. E com um bom mestre.

O dia vai começar com a ida ao mercado para comprar os produtos frescos e mais umas coisas que estão em falta enquanto o P. vai buscar o patrão dele ao Aeroporto.

Se tudo correr como previsto, zarpamos amanha pelo meio da manhã, com rumo directo a Gibraltar onda pararemos para abastecer caso o vento se mostre envorganhado e obrigue a levar os motores ligados. Caso contrário, se o vento estiver boa onda e se tudo correr bem só paramos em terra daqui a 3 ou 4 dias. Ou seja, no mínimo apanha-se a noite de sábado. Não está mal. Com sorte ainda se chega a tempo da noite de 6ª.
Logo se vê.

... O que interessa é que mal posso esperar pela chegada do primeiro por do sol e céu estrelado no meio do mar. Sinto falta.

Hasta e aproveitem o que é bom.

M.